Agroecologia

Cada brasileiro consome 
5 litros de agrotóxicos por ano. 
Usamos 19% da produção mundial 
desse setor. 
Somos os campeões já em 2005. E hoje? Anos se passam e, no que tange à qualidade dos alimentos que são ofertados à população, outra pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA; apud 2003) aponta que 81,2% das amostras de alimentos analisadas na mesa do/a consumidor/a continham resíduos de agrotóxicos, sendo que 

22,17% apresentavam 
contaminação acima dos 
limites máximos permitidos 
pela legislação.

- Que é isso!?

Se, em 2009, 70% dos alimentos que chegaram à mesa dos/as brasileiros/as foi da Agricultura Camponesa (chamada oficialmente de agricultura familiar), significa dizer que os efeitos são sentidos, principalmente, por quem produz esses alimentos! São casos de diversas doenças, registrados pelo Núcleo Tramas, sem citar os efeitos de óbitos prematuros e assassinatos de homens e mulheres do campo, como impacto de outra agricultura que visa, não por acaso, apenas o lucro. Esta é a lógica do AgroNegócio.

Como sistema de produção e de abastecimento vigentes, reflete em diversas crises interligadas com problemas de ordem econômica, social, política e ambiental que, conjuntamente, se intensificam com o avanço da industrialização do campo. Nossa ditadura teve íntima relação com a implementação deste modelo de "modernização" na produção, conhecida como Revolução Verde


Ao longo das décadas de implementação dessa "revolução", houve crescimento significativo da fome no mundo. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (ONU/FAO) diagnostica que, em 2012

Existiam no mundo
 mais de 850 milhões de
 pessoas passando fome

Somado a isto, as externalidades (o que "sobra") desse sistema do latifúndio, monocultura e maquinação retornam ao ambiente interferindo nos ciclos naturais da vida, como: empobrecimento e envenenamento do solo e da água; com demanda sempre crescente de nutrientes; elevado custos de produção; expulsão das populações do campo (comumente chamada de “êxodo”).

Não será incoerente que, nas mãos de algumas corporações, o agronegócio ocupe 76% das nossas terras agricultáveis
e produza apenas 30% da 
nossa alimentação?

Não há dúvidas que este modelo é insustentável, porque não garante manter-se Sócio e Ambientalmente produtivo ao longo do tempo, pois não tem suas dimensões articuladas! E seu sucesso não ocorrerá isoladamente, como faz acreditar que um produto orgânico pode ser cultivado, lado a lado, de um produto transgênico, todos dentro de um latifúndio sem afetar um ao outro. É como omitir o direito de saber: de onde vem nosso alimento?

Nesse campo de disputa, traçamos outros caminhos, construções coletivas, lutas conectadas e pequenas conquistas. 

- Revolução do dia-a-dia!
Na agroecologia, somos parte do mesmo EcosSistema. Se não compreender qual nosso papel nas relações que traçamos, estamos destruindo com a vida, a terra, nossa casa comum e, certamente, com nós mesmos. Não se trata também e somente de buscar aumento na produção dos orgânicos, mas de obter balanços energéticos que retornem ao ambiente sem danificar seus ciclos. Imaginou? 

Ecologia na relação com a terra!

Não é só o produto, seus frutos. Porque, em geral, a agricultura orgânica pode ser apenas o resultado da aplicação de técnicas e métodos diferenciados, normalmente estabelecidos em função de regulamentos que orientam a produção. Ok. E as pessoas que nela trabalham tem dignidade? Nos beneficiamos disto, sem intermediários? As sementes são mantidas na comunidade que a produziu?  

Nossa relação com a terra não produz só alimentos, é também produção de culturas, memórias, valores. Se não importa, pouco a pouco, viveremos uma sociedade sem passado, tampouco futuro. Em busca de garantia, para essas e futuras gerações, de boas condições alimentares é necessário repensarmos: Como “cultivamos” nossa comida? Nossa forma de consumo colabora com a preservação dos recursos? 

Só teremos respostas com aplicações de outro paradigma científico e alimentar por meio da agroecologia. Seu enfoque sistêmico envolver saberes - popular e acadêmico - na atuação com os AgroEcosSistemas através de processos sustentáveis em busca de Justiça Sócio-Ambiental e viabilidade econômica sem utilizar insumos industriais, como fertilizantes sintéticos e agrotóxicos, de modo a permitir que a natureza mostre novamente os caminhos: Férteis.

Primeiro passo é reduzir a utilização de insumos externos, caros, escassos e daninhos ao meio ambiente. O segundo é a substitui-los por insumos alternativos, benignos sob o ponto de vista ecológico. Terceiro vem o redesenho dos agroecossistemas, para que funcionem em um novo conjunto de processos ecológicos. Essa dimensão referente-se à manutenção e recuperação dos recursos naturais que estruturam a vida e a reprodução das comunidades vivas. 

Mas não é só isso. A agroecologia tem mais dimensõesA dimensão Social vem com o uso equitativo dos recursos, o que implica maior distribuição de ativos e oportunidades! No quesito Econômico as estratégias de fortalecimento do Desenvolvimento Rural Sustentável estão envolvidas. Noutro nível Cultural, dinamizar os processos de manejo valoriza a cultura local, posto que é uma atividade sociocultural. Ainda a questão Política se relaciona com processos participativos e democráticos no contexto da produção e de redes organizadas e representativas dos diversos segmentos da população. No cume, está a dimensão Ética que se relaciona com a solidariedade e novas responsabilidades dos indivíduos pela preservação do meio ambiente. 

E o que temos a ver com isso? A alimentação, como vimos, não é atividade passiva. É política! Logo, ao compreendemos as desigualdades sofridas por nosso meio rural, através de mudanças de hábitos, promovemos o desenvolvimento de comunidades, garantindo nossa saúde e o futuro dos recursos naturais (que são finitos). 

Por isto, a agroecologia hoje está nas políticas governamentais de transição para outro paradigma de produção; na formação acadêmica; no trabalho comunitário; no resgate de técnicas repassado por gerações. São saberes e práticas interligadas capazes de oferecer soluções estruturais aos graves problemas de abastecimento alimentar, elevando a renda familiar, a oferta de alimentos a custos acessíveis e garantia da segurança alimentar no meio rural brasileiro.

Vem fazer parte!


Agroecologia
Agricultura convencional
Baseada em princípios
Baseada em receitas
Relação horizontal entre técnic@s e campesin@s
Verticalista
Holística, de base ecológica
Reducionista e fragmentada
Orientada para a produção local de alimentos
Agroexportadora
Orientada para sistemas autossustentados
Insumista
Valoriza, recupera e respeita conhecimento local e tradicional. É pluri epistemológica
Cientificista, que coloca o conhecimento produtivista acima de todo os demais
Auto-organizado, auto-gestionado
Dependente e sem autonomia
De ação participativa e coletiva
Atomizado e individualista
O actor central é x campesin@
O ator central é o técnico
Comprometido
Comercial
Baseado em sistemas integrados de cultivos, animais e árvores
Basado em monocultivos separados do ecológico
Respeita  a natureza
Busca dominar e conquistar a naturaleza
Privilegia aos processos sociais
Privilegia o tecnicismo


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